sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Após 50 anos, Ultra Seven ainda é um clássico absoluto do tokusatsu

O lendário Ultraseven

Mais um cinquentenário para a Tsuburaya comemorar no próximo domingo (1). Ultra Seven foi a terceira série da franquia Ultra, antecedida por Ultra Q e Ultraman (ambas de 1966). Após o final prematuro do gigante prateado, a Toei deu uma mãozinha para a Tsuburaya com a série Captain Ultra. Totalizando 24 episódios e transmitido semanalmente no Japão entre abril e setembro de 1967. Servindo como um "tapa-buraco" para aquela ocasião do extinto bloco Takeda Hour, nas noites de domingo da TBS. A emissora estava indo bem com o sucesso de Perdidos no Espaço, lançado por lá em junho daquele ano. Reforçando o tema espacial que era a sensação do momento na cultura pop.

O gigante vermelho fez escola para outros clássicos como Jaspion, Changeman, Power Rangers etc. Talvez seja estranho para os mais novos os efeitos especiais e o visual do herói (por mais que o tempo passe, ainda é um dos mais elegantes da Família Ultra). Mas verdade seja dita: se não fosse pela genialidade de Eiji Tsuburaya, nada disso que conhecemos existiria na TV e no cinema também. A menção é justa e por isso as séries Ultra são obrigatórias para o público compreender a dimensão que ajudou a definir o formato do tokusatsu durante todo esse tempo. Prova disso é que os Ultras ainda são um grande sucesso no Japão e continuará a perpetuar por muitas e muitas décadas pela pela frente. Eles fazem parte de cultura popular local assim como as consagradas franquias Godzilla e Gamera.

Não apenas o sr. Tsuburaya. Um outro grande nome que deve ser creditado junto ao dele é o do roteirista Tetsuo Kinjô (1938~1976). Ele trabalhou em Ultra Q e Ultraman. Sendo Ultra Seven o seu trabalho principal onde escreveu 14 episódios, criou toda a atmosfera séria/sombria que contava as aventuras regadas de muita ficção-científica e idealizou as capsulas de monstro (inspiração jamais admitida até hoje para a criação de Pokémon nos anos 90). Destaques para o arco duplo que mostrou pela primeira vez o robô gigante King Joe (o nome é um trocadilho com seu próprio sobrenome) e o dramático final de duas partes. Outro roteirista em destaque é Shozo Uehara, conhecido também pela criação da franquia Metal Hero, da Toei Company.


Tetsuo Kinjô, o homem que definiu o conceito da série
Com trama situada originalmente em 1987, uma das principais características de Ultra Seven é sua atemporalidade. Entre a chegada de Dan Moroboshi (Kohji Moritsugu) ao Esquadrão Ultra e sua despedida do povo da Terra no arco final, as histórias podem seguir qualquer sequencia aleatória, devido ao formato omnibus (entenda melhor esse conceito no blog Sushi POP, por Alexandre Nagado) que era costumeiro nas séries anime e tokusatsu da época. Essa característica também acontecia nos bastidores, já que a ordem de gravação dos episódios eram diferentes do que foi oficializado para a TV. Há vários episódios que enfatizam a busca da paz e que instigam o espectador a refletir sobre a humanidade em si. Um exemplo marcante é o episódio em que Seven enfrenta Alien Metron, um vilão conhecido pelos fãs que levava os humanos à fúria através de cigarros. A narração desse episódio enfatizava a crença de que a desconfiança entre os homens poderia ser inexistente no futuro. Hoje a nossa civilização atual ainda está muito longe dessa realidade, em meio a tantos conflitos e guerras.

Antes do projeto final, a atração teve outros nove roteiros finalizados que nunca foram filmados. Dentre eles, o título provisório era Ultra Eye e o herói se chama Redman (anteriormente era o nome do Ultraman durante sua fase de pré-produção e foi definitivamente o nome do herói "gigante" da Tsuburaya de 1972). Ultra Seven serviu originalmente de batismo para um projeto rejeitado de uma comédia sobre sete homens das cavernas.

A estreia do herói em 1 de outubro de 1967 teve uma audiência surpreendente de 33.7%. Apesar da competitividade da Toei Company com o Robô Gigante na NET (atual TV Asahi) e da extinta P-Production com O Príncipe Dinossauro na Fuji TV, Ultra Seven era o carro-chefe. Até hoje figura entre os cinco maiores programas da televisão japonesa de todos os tempos. Tanto sucesso não é a toa e os bastidores tem muito mais histórias pra contar. Fica para um outro post no futuro.

Ultra Seven não é qualquer série. É um cult importantíssimo que deixou uma marca para a cultura pop em todo o mundo. Se você ainda não assistiu, não perca tempo. Procure entender a importância do herói. E acredite: mesmo com todo charme sessentista, o clássico continua atual.

Dywuaaaaaah!!!

Leia também:

- Entrevista com Danilo Modolo, do canal TokuDoc

- Entrevista com Alexandre Nagado

- O mistério do episódio banido de Ultra Seven

- Ultraman Leo, o sobrevivente herói da crise setentista

- Jaspion e o episódio que jamais foi ao ar

7 comentários:

  1. Boa matéria como sempre César! Mas acho que faltou só mencionar a trajetória da série aqui no Brasil e sua grande dublagem pela Cine Castro ! Eu assisti na Tv Record em vários Horários.....época maravilhosa !

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    1. Olá, Livre. A trajetória da série no Brasil fica para um próximo post. Quis enfatizar a importância da série dentro da própria cultura pop japonesa como um todo e mencionar algumas curiosidades de bastidores. Foi mais em função dos cinquentenário do domingo que vem. Aliás, Ultra Seven tem muito pano pra manga. Muitas histórias pra contar ainda. Valeu.

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  2. Belo post, digno da importância de Ultra Seven. Particularmente gostei do destaque dado ao Tetsuo Kinjo, que realmente foi preponderante para definir a temática da série.

    Lembro de ocasiões no colegial e depois na faculdade quando o assunto nas rodinhas era filmes e séries vistos na infância, e Seven sempre era uma das mais citadas, até por aqueles que nunca mais viram uma série japonesa depois que entraram na puberdade.

    Acho difícil definir o motivo porque Ultra Seven sempre pareceu diferente de suas contemporâneas. As tramas envolvendo um sem número de tentativas de invasões alienígenas, em uma clara ressonância do clima da guerra fria? A música solene e as BGM´s inspiradas? As aeronaves e o uniforme do Esquadrão Ultra, que ainda hoje parecem completamente funcionais? O visual do herói?

    Acho que tudo isso e um pouco mais. Na verdade, às vezes parece um pouco de ousadia tentar definir ou explicar um clássico. Algumas obras simplesmente o são. E Ultra Seven é um clássico com "C" maiúsculo, o maior dentre as séries de tokusatsu.

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  3. Olá, Ricardo. Por mais que a gente tente descrever, ainda é pouco pra definir a grandiosidade de Ultra Seven. Cresci assistindo as séries da era Manchete. Tenho minha memória afetiva, minhas séries favoritas da época, mas nenhuma delas superam essa obra. Por ordem de importância, arrisco a dizer que Metalder chega perto por causa das características do enredo e por aquele final majestoso. E falando de um modo bem particular, Ultra Seven é melhor que o Jaspion (não diminuindo o nosso Tarzan Galático, é claro) e o próprio Ultraman.

    Tenho o Ultra Seven como uma série respeitável da era de ouro dos Ultras. Por favoritismo meu ou algo do tipo eu tenho um carinho maior pelo Ultraman Leo que deu uma outra cara para Dan Moroboshi. Na época da série ele agia com cautela, apesar de alguns deslizes (como ter o Ultra Olho roubado em alguns momentos). Era um herói implacável e não poupava violência na hora do combate. Mas eu curto aquele Dan Moroboshi que ensina o seu discípulo, Gen Ootori, a ter maiores responsabilidades como guardião da Terra. Sem contar aquelas broncas e o treinamento pesado que ele passa para o Gen. Fruto de sua frustração por ter a perna ferida e pelo fato de estar preso à sua forma humana.

    Eiji Tsuburaya jamais trabalhou sozinho. Por isso o destaque para o Tetsuo Kinjô que foi fundamental para a criação dos elementos do programa, além de escrever episódios decisivos. Shozo Uehara, que escreveu várias séries Metal Hero, também foi um grande nome. Um legado para a história do tokusatsu.

    Forte abraço!

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  4. Lembro que Ultra 7 (na dublagem em alguns episódios falavam assim) em 1977 tinha na Tv só não lembro se ainda era na Tupi ou Record..acho que era na Tupi um quadro chamado "Faixa 15 de aventura " onde passava Ultraseven..... ! A dublagem era um show a parte , quem é da época como eu vai concordar... A série tem até hoje uma produção que impressiona pela qualidade e deixa várias produções da Toei no chinelo...Quando a Manchete começou a exibir Jaspion e companhia era inevitável comparar !!! Dava até tristeza não passar mais os Ultras fora Robô Gigante e apenas ligar a Tv e ver um cara vestindo uma roupa ridícula e depois cinco pessoas coloridas em efeitos que só arrancavam risos !! Mas enfim....isso foi logo quando começou a passar...hoje entendo e reconheço a importância dessas séries da Deusa(para alguns) Manchete....mas na época foi um desabafo !! Quem assistiu Ultraman, Seven e outros na época jamais esqueceu e olha que essas séries foram reprisadas mil e uma vezes mas sempre era ótimo assistir !

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