segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Fansubs de tokusatsu, por favor, não batam de frente com os streamings legalizados

Ultraman X é a série de tokusatsu mais rápida a vir no Brasil

Se há uma coisa que me incomoda, como amante da cultura pop japonesa, é a falta de coerência de algumas fansubs brasileiras. Não vou aqui generalizá-las, até porque - apesar da posição neutra por parte deste blogueiro - devo a elas por divulgarem na garra e na raça séries orientais que jamais vieram pra cá antes de forma oficial/legalizada. Sem elas provavelmente nenhum de nós estaríamos atualizados sobre o universo das séries japonesas de efeitos especiais. Mas é chato quando temos materiais chegando por meios mais rápidos, ousados e práticos (pra não dizer futurísticos) como os serviços de streaming e do outro lado há fontes que mal divulgam, quase ignoram ou fingem não saber como se o tokusatsu estivesse "chegado ao fim" de vez no Brasil ou "tokusatsu não voltará" por aqui. Pleno engano. Tokusatsu está recomeçando no Brasil de forma legalizada desde o fim do ano passado, pra ser mais exato, e percebo que muita gente ainda não se deu conta dessa realidade. Outros teimam em dizer que tokusatsu só tem direitos de exibição "apenas na TV" e se for "voltado para as massas". Outro equívoco absurdo, uma vez que tokusatsu é um segmento como HQs, games e literaturas também são.

Primeiro de tudo, talvez você pode estar dizendo "ah, esse chato quer ser garoto-propaganda destes serviços e quer se aparecer". A minha despretensão é maior quanto o meu apoio aos meios oficiais. Se cito aqui nomes como Netflix e Crunchyroll é porque gosto, consumo e recomendo. Pecado nenhum. Estes são os meios mais cômodos e legais de assistir séries e filmes favoritos disponíveis. Querendo ou não, os fãs das séries japonesas já estão se adaptando a tal alternativa e os demais que ainda não conhecem hão de se adaptar à curto/médio/longo prazo. Isso já faz parte do nosso cotidiano e não adianta fugir da tecnologia atual.

Eu devo ter sido um dos poucos que divulgaram pela tokunet brasileira as estreias das Ultra Series no Brasil desde a vinda de Ultraman Max no Brasil no final de 2014. Aqui no blog frisei em várias oportunidades dizendo que esta série é a sucessora de Madan Senki Ryukendo (exibida entre 2009 e 2011 na RedeTV!), enquanto muitos ainda insistem ou desconsideram o fato tendo ainda a série do Guerreiro Madan como a última em nosso país. Sim, Ryukendo continua sendo o último tokusatsu no Brasil, mas só na TV brasileira. Tá certo que a chegada dos tokusatsus nos streamings é algo ainda recente e parte do público anda bem desatualizado e alimentando uma visão extremamente saudosista. A verdade é que não dá pra relativizar o fato presente no cenário carente do tokusatsu no Brasil. As novidades precisam ser divulgadas e reforçadas entre os fãs e como tais precisamos entender a importância disso.

É daí que algumas fansubs (que aqui não citarei nomes por questões de ética) se aproveitam da falta de informação desta parte do "gráfico pizza" e lançam na cara-dura tais séries que antes nenhuma sub teve interesse de legendar e que estão chegando aos poucos no Brasil pelos serviços. É o caso de Ultraman Leo e Ultraman 80 (Eighty). O mesmo vale para Ultraman X, série que surpreendentemente tirou Jiban do posto de série mais rápida a vir ao Brasil.


Ultraman Leo: um exemplo gringo a ser seguido e reverenciado pela tokunet brasileira

Nenhuma fansub possui contrato pra legendar séries de anime e de tokusatsu. Ok, é até salutar quando são séries japonesas inéditas em um determinado local/país. Até aí não há nenhum problema (com exceção dos próprios estúdios, claro), pois as fansubs servem como divulgadoras de materiais inexistentes e não deveriam ser mais do que isso. Mas a coisa fica bem contraditória quando alguma ou outra sub passa a copiar uma série que acabou de chegar ao Brasil numa plataforma oficial. Parece que todo aquele clamor de anos atrás (no tempo das vacas magras) por um material oficial de tokusatsu (que são poucos por aqui, diga-se) foram jogados no ralo e virou pretexto pra disputar com os meios que a própria "nação tokufã" queria há longa data.

Nem adianta dizer que "ah, não dá pra baixar" ou "tem que ter versão pra download" pois essa desculpa não rola. Pense aí comigo: será que os japoneses estão muito preocupados com esse tipo de alternativa quando possuem tecnologia de gravação nas mãos (considerando que a grande maioria de séries são transmitidas diretamente para a TV local)? Por que então deveríamos nos preocupar quando nós temos plataformas justas que nos permitem mobilidade similar e assistir a qualquer hora/lugar (que tenha internet) pelo on demand? Sabe, não há motivos pra birra e botar defeito nas novas mídias. Seria como um velho tio que ainda não aprendeu a se desapegar do vinil em tempos de CD. Ou mesmo alguém que persiste num VHS em plena era de DVD e Blu-ray. Pois é, em questão de tempo, certos downloads serão obsoletos. Ou melhor, já são devido a pontualidade britânica do simulcast (transmissão simultânea). Aceite.

Eu faço cordialmente aqui uma pergunta pra todos os amigos e companheiros de segmentos da tokunet no Brasil: Não seria mais viável incentivar a assinatura e o uso destes novos meios legais ao invés de simplesmente copiar/disponibilizar para download tais títulos atualmente em vigor no Brasil via streaming? Pois foi o que fez uma fansub gringa especializada nas Ultra Series quando estava prestes a finalizar o projeto para a legendagem da série Ultraman Leo. Neste mesmo tempo a série foi anunciada e lançada na Crunchyroll estadunidense em novembro de 2014. Tal chegada do material por lá (que faz parte do mesmo pacote onde o Brasil e outros países estão incluídos) fez com que a tal fansub cancelasse por conta própria o projeto para a mesma série. Motivo? A equipe não queria bater de frente com algo genuinamente oficial e que deve ser valorizado e consumido pelos fãs locais. Uma atitude louvável e que merece (sem trocadilhos) ser aplaudida e glorificada de pé no Brasil.

Infelizmente aqui no Brasil aconteceu o contrário. Antes da chegada de Leo e Eighty no Brasil (e após o anúncio destas nos EUA, Canadá e Reino Unido), uma certa fansub conhecida na tokunet brasileira legendou apenas os primeiros episódios de cada e até hoje nunca concluiu os "projetos" (as cópias). É preciso que se diga que nenhuma delas chegaram à metade e até a enumeração dos episódios de Ultraman X está errada. Em contrapartida, a Crunchyroll, apesar da janela de poucos meses entre EUA e Brasil (período em que cada série completa precisou ser legendada oficialmente), foi mais rápida e ainda por cima garante qualidade. Tanto áudio-visual quanto de tradução. Detalhe: rapidez e qualidade são coisas exigidas há tempos pelos fãs de tokusatsu no Brasil. Ah, os direitos de Leo e Eighty já estavam garantidos no Brasil quando houve o anúncio no exterior. Não tem desculpa.


Se Kamen Rider Ghost vier ao Brasil pelo simulcast, os episódios poderiam
ser assistidos de forma oficial nas noites de sábado

Gente, está na hora de fazer valer o que muito foi reivindicado pelos próprios fãs de tokusatsu desde os tempos do Orkut pra cá: séries inéditas de tokusatsu no Brasil. Naquela época a compreensão de on demand era inexistente, pois havia uma tal esperança na TV brasileira que até hoje pouco ou nada fiz pela séries do segmento nos últimos 15 anos. Digo mais: mesmo que alguma emissora exiba algum tokusatsu, não será tão rápida e precisa como no simulcast. Tá na hora dos fãs saírem do círculo vicioso dos downloads antes que a cultura da pirataria e a Lei de Gérson (contra as séries licenciadas, é claro) seja despercebidamente incutida nas divulgações de tokusatsu no Brasil. Esse paradoxo de escolha prejudica não só a indústria de tokusatsu como também a possível vinda de novas séries para o Brasil - principalmente via simulcast - e até mesmo a divulgação do tokusatsu para leigos.

Particularmente, além de ser opção, o simulcast é indispensável e seguro para acompanhar séries de tokusatsu, animes e dramas. Ultraman X é a única referência de tokusatsu disponível atualmente através deste meio, via Crunchyroll. O episódio da semana sai todas as terças-feiras pela manhã cedo (uma hora após o final do episódio no Japão). E olha, não durmo sem antes assistir aquele mesmo episódio. É praticamente sagrado. Tem gente que prefere ainda esperar o dia seguinte ou a próxima semana pra ver o episódio ser "lançado" pra download. Não tenho mais porque fazer isso, pelo menos com Ultraman X, uma vez que já tenho um catálogo na palma da mão esperando um simples toque no play para ver os episódios nas horas vagas. Não é questão de vaidade, presunção ou de imposição. Longe disso. Mas sim de necessidade, de incentivo, de agilidade e de praticidade.

Agora acompanhe comigo o seguinte raciocínio: se hoje sofremos com a terrível penitencia de esperar uma sub legendar um episódio de Kamen Rider e Super Sentai, por exemplo, e no máximo uma semana depois termos RAW e/ou legendas, imagine aí se a Toei Company um dia chegar a licenciar esta série para a Crunchyroll. Seria magnifico chegar em casa nas noites de sábado e o episódio já estar lá no serviço, bonitinho, pronto pra ser assistido antes de dormir e acordar no domingo já sabendo tudo o que aconteceu. Um sonho de consumo e acredito que de muitos fãs das franquias por aqui. Sem dizer que os episódios estariam lá pra ver e rever quando quiser. Este up-to-date estaria em maior evidência, considerando que ambas as franquias também são umas das mais populares entre os fãs brasileiros. Um marco e tanto e que merecia também ser divulgado. E aí, o que pesa mais na balança? Pois é, o mesmo acontece hoje com Ultraman X e jamais pensei nessa possibilidade até poucos anos atrás. Esses tokusatsus nos streamings podem até vir a ser o que House of Cards e Orange is the New Black são para os aficionados por séries americanas como Naruto e Bleach são para os fãs de animes. Que tal fazer a experiência, hã?

Repito: sou e sempre serei grato as fansubs enquanto trabalharem como divulgadoras de séries inexistentes no Brasil. Agora, está na hora das mesmas se conscientizarem e seguirem o mesmo exemplo da sub gringa, como citado acima, respeitando (sem pirataria) os novos títulos de tokusatsus que estão e que hão de chegar no Brasil. Sejam novas ou antigas. Não tem porque as fansubs em geral perderem o foco de origem e usarem desculpinhas e ideologias pequenas como se o tokusatsu tivesse valor oficial apenas na TV brasileira. Melhor dizendo, a programação da TV brasileira virou lugar incerto, extinto e superado.

Estamos prestes a voltar ao tempo das vacas-gordas do tokusatsu no Brasil e não só os fãs, mas também todos os segmentos que defendem o tokusatsu devem abrir os olhos, apoiar estas novas mídias e fazer suas partes. Em outras palavras, se você quer que seu tokusatsu favorito vingue no Brasil, valorize o produto oficial do seu herói quando chegar por aqui, mesmo que não seja direto-para-TV e/ou que vá direto para os nichos. A nossa audiência aqui no Brasil por estes meio também contam bastante lá fora, caso não saibas.

E o preço? Baratinho. Preço de banana.

6 comentários:

  1. Só está errado, extremamente errado em achar que download está ficando obsoleto.

    Na verdade eu nem sei como alguém poderia achar uma coisa dessas. É o metodo mais eficiente e seguro de se manter um arquivo. Internet não é algo estável, ela pode cair a qualquer momento. Até quem tem o costume de só assistir Online, costuma baixar algo como Plano B caso a internet caia, assim tendo algo para assistir.

    E com o mercado mobile, mais e mais pessoas baixam arquivos para assistir as coisas pelos dispositivos moveis. Seja para assistir quando tem queda de energia ou para assistir no Ônibus/Viagem. Até mesmo se a pessoa tiver um Notebook, ela vai fazer isso.

    Sério, Download ficar obsoleto? Só quando existir um outro métodos seguro contra esses "probleminhas" de internet e energia e isso não está nem perto de ser solucionado. Ninguem é bobo, todo mundo sabe que a internet não vai ficar funcional todos os dias.

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  2. Lembrando que dá pra assistir de graça no crunchyroll via pc uma semana após a liberação do episódio pra usuários Premium. Só adicionam propagandas.

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  3. Faço coro contigo, César.
    Há uns 6 anos deixei os downloads de lado para priorizar o strimming. Sem 2 horas de espera para ter um arquivo quebrado ou com vírus. O tempo de abaixar virou o tempo de assistir coisas da hora no youtube e seus derivados. E os serviços de nuvem começam a transportar isso pro mundo dos softwares atualmente
    Antes de Netflix assumir sua potência atual já era mais proveitoso ligar a Tv da Sala no computador com internet do que pagar qualquer serviço de Tv a cabo. E fui descobrindo muitas coisas gratuitas e devidamente licenciadas que já existiam naquela época!
    Priorizar o strimming licenciado é estimular que mais coisas legais do tipo surjam. Ultraman é a maior prova disso, que de tão famoso que ficou tem até o mangá oficial no Brasil e exibição de filmes no cinema pela Playarte no fim do ano.
    Continue fazendo os ótimos artigos!

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  4. Vinix cara sinto mt mas teh um 3G roda de boa streaming hj em dia,ñ tem desculpa pra baxar de fansub a ñ ser que tal toku ñ tenha msm no HUEZIL tipo a maioria dos sentais e KRs u.u

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  5. PRA MIN O DOWNLODER É O MELHOR!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! POIS EU BAIXO PRA ASSISTIR DEPOIS NA MINHA MAGRELA E GUARDAR NA COLEÇÃO, PRA MIN ESSE METODO DE STREMIN É BESTEIRA QUEM ME GARANTE Q COM O TEMPO ELES NÃO TIRAM DO AR????? OU NÃO RENOVAN O CONTRATO E AI NÓS FICAMOS NA MÃO!!"! BAIXAR SIM! COMPARTILHAR SIM, PIRATARIA NÃO!!!!!!!!!

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  6. Olá, Altarir. Tudo bem? Antes de qualquer coisa, respeito sua opinião. Então, streaming não é besteira. É uma necessidade e é o que dá retorno comercial atualmente. Esse tipo de mídia está em ascensão e só tende a crescer ainda mais com o passar do tempo. Ou seja, é o termômetro que indica se tal série/filme está dando audiência. Quando uma série sai do ar significa que o contrato expirou. O que não impede de voltar ou ser renovado (antes ou depois do prazo). Na Netflix é comum ter programas que duram de 1 a 3 anos no catálogo. Porém em serviços como Crunchyroll e Daisuki, por exemplo, os contratos são mais longevos.

    Quanto a questão de baixar, isso é mais viável para séries inéditas (como Dragon Ball Super, que não tem sequer direitos de exibição ainda no Brasil), com a finalidade de divulgar sem fins lucrativos. E baixar séries que estejam em exibição no Brasil, como no caso das séries Ultra nos streamings, é um problema que gera outro problema. Isso gera um paradoxo de escolha que gera falta de audiência/retorno, prejuízo para as empresas e por aí vai. Todo nós sabemos que isso é pirataria e o que ela causa. Se você assistir a alguma série que está em exibição no Brasil e baixa o conteúdo por vias alternativas, saiba que isso desvaloriza o material. Qualquer um de nós poderíamos estar assistindo no YouTube e fazendo download. A quem vamos estar ajudando então?

    Pirataria sempre vai existir. Os serviços de streaming estão aí pra fazer a parte delas (numa época em que a TV brasileira está torcendo o nariz pra esse tipo de produto). Quem for fã de anime e tokusatsu, vai apoiar os materiais oficiais e entender a importância deles no mercado. E não há como relativizar esse fato. Felizmente os fãs norte-americanos - começando pelas fansubs locais - são mais consciente quanto a isso e apoiam mesmo. Um exemplo que todo fã brasileiro deveria tomar como exemplo.

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